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Cidade do Paraná perde 1,5 mil moradores para município vizinho e gera protestos; entenda

  • Foto do escritor: Enrique Ferreira
    Enrique Ferreira
  • 9 de out.
  • 2 min de leitura

Após reavaliação territorial do IAT, quatro comunidades e duas escolas podem passar de Bocaiúva do Sul para Rio Branco do Sul. Moradores discordam e temem por serviços públicos.

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Mesmo sem saírem do lugar, cerca de 1.500 cidadãos de Bocaiúva do Sul podem se tornar moradores de Rio Branco do Sul, cidade vizinha, na Região Metropolitana de Curitiba.


A discussão que muda o mapa das duas cidades começou entre 2012 e 2013, quando os limites entre os municípios foram reavaliados por equipes do Instituto Água e Terra (IAT), órgão do governo estadual responsável pela gestão ambiental e territorial no Paraná.


Os técnicos fizeram uma reinterpretação da lei n° 790, sancionada pelo governo do Paraná em 1951, que fala sobre os limites administrativos das cidades paranaenses. A lei estadual estabelece que o limite entre Rio Branco do Sul e Bocaiúva do Sul "começa na foz do rio Morro Grande no rio Bacaetava, alcança em reta a lomba do Araçazeiro e pelo qual segue depois pela cumiada da Serra de Sant'Ana até defrontar a cabeceira do ribeirão Grande, afluente do rio Sant'Ana".


O engenheiro florestal do IAT Amauri Pampuch explica que a revisão segue os limites definidos pela lei, por meio de sistemas de geolocalização por satélite. "A gente faz a correção dentro do escritório, não precisa ir a campo”, afirma . O ajuste é feito com a ajuda de um software que traça o limite entre os municípios com base no mapeamento sistemático feito pelo governo estadual.


Comunidades protestam

Quatro comunidades de Bocaiúva estão na área que passou a ser parte de Rio Branco do Sul. Entre as principais preocupações dos moradores estão duas escolas na região.

Ambas foram construídas pela prefeitura bocaiuvense e ainda são mantidas pelo município, mas, teoricamente, agora pertencem à cidade vizinha. Atualmente, o transporte escolar também é fornecido por Bocaiúva.


“A gente nunca teve assistência de Rio Branco”, diz Laurina Guerrieri, moradora de uma das comunidades afetadas. De acordo com a população, Bocaiúva é quem garante os serviços públicos na região: pavimentação das estradas, saúde, coleta de lixo e transporte escolar, por exemplo. “A gente vai perder todas as benfeitorias que Bocaiúva sempre fez”, conclui.


“Rio Branco não sabe nem que a gente existe”, afirma a agricultora Patrícia Gusso. A população da área contestada é formada, em sua maioria, por proprietários rurais. De acordo com Patrícia, as terras da família remontam ao próprio bisavô e foram passadas de geração em geração. “A gente sempre foi bocaiuvense”, garante.


Entre os problemas, Gusso cita, por exemplo, a distância que o transporte escolar de Rio Branco do Sul teria que percorrer para atender os estudantes da região atingida pelo novo limite territorial. “Eles [prefeitura de Rio Branco] nunca vieram dar uma assistência, perguntar. Não sabem nem quem mora aqui”, ressalta.


A mudança afeta também a relação que os moradores têm com o município no qual viveram boa parte da vida. “Registro do terreno é Bocaiúva, registro de nascimento é Bocaiúva, meu casamento é Bocaiúva, registro dos meus filhos é Bocaiúva. Tudo aqui é Bocaiúva”, desabafa a aposentada Isolete Aparecida de Brito Xavier.

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